terça-feira, 5 de setembro de 2017

Crítica: Excesso de roteiro prejudica "Dancing Brasil"


Entrando na reta final de sua segunda temporada, Dancing Brasil foi um dos acertos da Record em 2017. A atração, extremamente bem produzida, diverte ao mostrar seus concorrentes superando seus limites para aprender a dançar, rendendo belos espetáculos de dança de salão ao vivo nas noites de segunda-feira. Além disso, trouxe Xuxa Meneghel bem mais radiante do que nos tempos do extinto Programa Xuxa Meneghel.

É inegável que Xuxa está muito bem no comando da atração, e que o programa está redondo. Os jurados são bons, a dinâmica funciona e Dancing Brasil prima pelo bom acabamento. No entanto, o excesso de roteirização começa a parecer um problema. Na noite de ontem (04), por exemplo, Sergio Marone, que atua como uma espécie de repórter entrevistando os participantes num mezanino, começou um diálogo com Xuxa claramente roteirizado.

A princípio, ele fala sobre sua emoção. Mas ficou claro que Sergio Marone não estava falando sobre suas emoções, e sim lendo um texto num teleprompter. Depois, ele passou a bola para Xuxa, pedindo para que ela descobrisse a opinião dos jurados. Não era vontade dele, e sim mais um texto lido sem qualquer naturalidade. Xuxa recebeu a bola, também dando uma resposta roteirizada para Marone. Por fim, se dirigiu aos jurados com suas perguntas, lidas numa ficha em suas mãos sem qualquer cerimônia.

É claro que um programa como Dancing Brasil, com atrações bem armadas dentro de um tempo estabelecido, precisa de um roteiro base para que seus apresentadores não ultrapassem os espaços. No entanto, a direção do programa poderia avaliar incluir, neste roteiro, espaços para que os apresentadores pudessem se soltar mais. Nas raras vezes em que se permite sair do roteiro, Xuxa diverte horrores com sua espontaneidade. Ontem mesmo, quando Jaime Arôxa disse que Suzana Alves deve aprender a “cantar a música sem abrir a boca”, Xuxa rebateu com um “mas a música nem tinha letra!”, arrancando risos.

Xuxa está bem no Dancing Brasil. Mas poderia estar melhor. Que os produtores da atração possam se atentar a este detalhe na terceira temporada, já confirmada para o ano que vem.

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***Por André Santana, Observatório da Televisão