Apresentadora vai na contramão de famosas que fingem ser eternamente jovens
Qualquer idiota consegue ser jovem. É preciso muito talento para envelhecer”, disse o genial humorista e escritor Millôr Fernandes (1923-2012). Sagaz, ele soube, como poucos, encarar o envelhecimento com leveza e sabedoria.
Xuxa segue o mesmo caminho. Com 54 anos completados no último dia 27, a apresentadora enfrenta o caminho à velhice com bom humor e visão realista – e também com uma necessária dose de resiliência.
Repercutiu na imprensa a resposta afiada dada pela apresentadora a um seguidor de rede social que a classificou como “meio velha”.
“Estou velha, sou velha, aceite que dói menos pra você. Daqui a seis anos posso estacionar em lugar de idosos e você também irá envelhecer. Claro, se não morrer cedo”, retrucou Xuxa.
Dias antes, a eterna Rainha dos Baixinhos já havia enquadrado outro internauta que a chamou de “velha”: “Eu, sua mãe, sua avó, todo mundo que não morrer vai ficar velha”.
Recentemente, a artista da Record fez um desabafo nas redes sociais por se mostrar às vezes distante da imagem glamourizada que a consagrou na TV.
“Obrigada a todos os fãs por me aceitarem do jeito que sou... Às vezes triste, às vezes alegre, às vezes feia, às vezes melhorzinha, com maquiagem, sem... velha, nova... Obrigada, obrigada, obrigada.”
Ainda que possa, eventualmente, exagerar na naturalidade com que enfrenta o envelhecimento diante do olhar público, Xuxa presta relevante serviço às mulheres.
Ela foge de dois extremos igualmente tóxicos: a tentativa obsessiva – às vezes patológica – de manter uma aparência jovem ‘para sempre’ (como se isso fosse possível) e a demagogia de quem jura nunca se importar com a proliferação de rugas e vincos provocados pelo avanço do tempo.
Xuxa assume a transformação física de maneira honesta. Usa maquiagem, mas também se deixa fotografar de cara limpa, sem medo das críticas. Ela não se coloca como vítima da perda de juventude nem faz apologia das ‘maravilhas do envelhecimento’.
Se a ideia da velhice já é penosa para um anônimo, pode ganhar contornos dramáticos a uma celebridade sempre associada à beleza perfeita.
Contudo, Maria da Graça Meneghel parece lidar bem com a imagem do passado (símbolo sexual, referência estética, ícone de juventude) e a do presente – uma cinquentona com as marcas inevitáveis da idade que tem. Sua beleza continua ali, agora transformada, como tudo que desafia o tempo.
A apresentadora se permite envelhecer; atitude rara entre celebridades. Está em sintonia com a atriz americana Meryl Streep, 67 anos, exemplo de bom relacionamento com a cronologia da vida.
“Meu conselho: não gaste tanto tempo se preocupando com sua pele ou seu peso”, diz a ganhadora de três Oscars, o mais recente recebido quando tinha 61 anos.
*texto de Jeff Benício, no site Terra